domingo, dezembro 03, 2006

A nossa vez de avaliar


Na educação, bem como em muitos outros aspectos no nosso país à beira mar plantado, falta sustentabilidade e bases de apoio à maior parte das medidas que são tomadas. Passo a explicar: os programas e as ideias do governo, por muito polémicas e/ou duvidosas que possam ser, são decerto impostas com bons propósitos. Não obstante…a sua aplicabilidade é surreal, quase utópica. Como se costuma dizer, "de boas intenções está o inferno cheio".

A falta de civismo é um dos maiores problemas que se colocam logo à partida nas escolas portuguesas. A educação é uma ocupação primordial da família, dada aos filhos pelos pais para que os primeiros saibam viver em sociedade, respeitando regras e condutas. Assim, não só não se prejudicam mas, sobretudo, não estorvam quem quer aprender. Na escola apenas se põem em prática e/ou aperfeiçoam os procedimentos pré-adquiridos. Os professores não têm que aturar maus modos de meninos mal-educados. Se alguém vai para a escola sem o mínimo de regras de conduta vindas de casa, nada feito... Aparece a violência escolar... e a velha questão do insucesso, sobre a qual os sucessivos governos adoram tagarelar no parlamento: blá-blá-blá para aqui, oinc-oinc para aqueles lados… Eles falam falam falam e eu não os vejo a fazer nada… que traga benefícios!

Aumentam as exigências no 1º ciclo, mas baixam-nas daí para a frente: cai-se num facilitismo estranho, dado que na verdade não facilita a vida de ninguém. Mesmo assim, os maus alunos continuam com maus rendimentos. Porém lá conseguem passar "por baixo da mesa" e completar o 12º ano (sabe Deus como). Saem cá para fora com um diplomazinho todos sorridentes, mas… deixam muito a desejar enquanto profissionais.

Abordando o assunto por outro prisma, entramos no campo dos tão… falados (mal, porcamente, recebidos com apupos, etc.) exames nacionais do 11º ano. Para começar, os nossos prezados amigos que os elaboraram enganaram-se: não perceberam que o programa leccionado no 10º e 11º ano não apontava claramente para o tipo de teste que resolveram fazer. Os currículos estavam de tal modo impregnados pelo construtivismo e pela ideologia – a tal falta de sustentabilidade que abordei no primeiro parágrafo – que foi (quase) impossível trabalhar com eles... Além do mais, ninguém sabia exactamente quais as consequências práticas que iriam daí advir. Para acrescentar a esse facto, informação sobre as implicações das fases (1ª e 2ª), nadinha, que não era necessário! E a prova modelo? Alguém a viu? Eu cá não! Mas talvez desse jeito… E foi graças a estas excelsas ocorrências que nós, alunos do 11º ano, fomos para a sala de exame sem qualquer tipo de ideia sobre o que nos esperaria a não ser o óbvio, o que já estava mais do que prometido: saía matéria dos dois anos, 10º e 11º. Muito obrigado. Estamo-vos infinitamente gratos.

Não restam dúvidas que o GAVE (Gabinete de Avaliação Educacional) se esmerou, como se pode constatar ao olhar para o seu fabuloso desempenho na divulgação de informações, quer para o corpo docente quer para o corpo estudantil! Estando os alunos que frequentaram o 11º ano no ano lectivo 2005/2006 num período posterior a uma reforma de ensino, poder-se-ia esperar uma melhor divulgação de informação relativas às fases do exame e às suas implicações. Poder-se-ia esperar tal coisa. Mas não foi isso que efectivamente aconteceu.

Nos dias anteriores ao exame, os professores não estavam bem esclarecidos, passando-se o mesmo com os alunos. As informações chegaram ou no dia do exame, ou no fim da tarde do dia anterior. Perguntemo-nos então se tal atraso, tal incongruência se deve a uma incompetência, a uma ignorância ou se é simplesmente uma brincadeira de muito mau gosto por parte desses excelentíssimos senhores.

E o que enfurece até à ebulição (mesmo os que fervem a 5000 ºC…) é o facto de gritarem aos sete ventos que a culpa é dos professores que não sabem ensinar, ou dos alunos que nada sabem nem nada aprendem. Poderá ter havido inabilidade por parte alguns professores (o que não foi o caso da nossa escola) e falta de empenho em incontáveis alunos. Todavia, tal imperfeição é ínfima quando ofuscada pela ineptidão no que respeita à divulgação de informações (a tempo, convinha!) aos alunos que estão a ser pioneiros numa nova reforma de ensino.

Há que admitir os erros (como fazem os comuns mortais) e tentar melhorar o que não foi bem feito. E isto é para o GAVE, para os professores mas também para nós, alunos! Não nos podemos esconder sob o manto dos coitadinhos-pobrezinhos-que-não-tiveram-culpa-nenhuma, por muito que possa custar, seja a quem for! Para o ano há mais, e há que estar preparado. Todos aguardamos que tal barbaridade, tamanha aberração não volte a repetir-se. Pela nossa sanidade mental!

A avaliação a nível nacional é um assunto demasiado importante para ser deixado nas mãos da ineficácia.

E à estilo da Internet:

‘Favorite quote: “Evoluam, melhorem-se, morram, vão para o inferno, demitam-se, mas livrem-nos da vossa estupidez!!”’

4 comentários:

Anónimo disse...

Um post muito bom. Faz me lembrar um que eu li em algum outro lado, mas mesmo assim está bom. Parabéns.
Fica bem.

Anónimo disse...

Ya... Fizeste um excelente trabalho de pesquisa, por acaso. Parabéns.

Anónimo disse...

mt bem!!! Parabéns

Anónimo disse...

**** tu sabes quem é ****